Da autoria de uma das mais originais e talentosas criadoras britânicas de álbuns ilustrados, este extraordinário volume constitui um inequívoco exemplo das mais férteis potencialidades do género, distinguindo-se por um ousado e mui sui generis projecto gráfico, indutor de um jogo de sentidos e de um processo de leitura visivelmente alternativo e complexo. Numa espécie de dicionário ilustrado dos medos, um pequeno rato atemorizado, munido de um lápis de carvão, percorre cada uma das páginas do livro, que risca e rabisca para descrever, verbal e visualmente, as suas (e não só…) maiores fobias, ante situações, objectos, animais e lugares. A nota dominante da obra reside precisamente na sua mise en page e na eficácia da articulação verbo-icónica, onde as diferentes sugestões plásticas, compostas a partir de uma técnica mista assente no recurso ao desenho, à aguarela e à montagem digital de materiais originais e diversificados, além de redimensionarem o texto – que integram, não raro, através de mecanismos metalinguísticos e metaficcionais –, convidam a um rigoroso exercício visual, estético e, até, manipulativo. O cómico (nas suas três vertentes) e a nonsensicalidade que sustentam o habitual registo de Emily Gravett sublinham a dimensão lúdica e humorística da publicação, contribuindo para a desmistificação do conceito cristalizado e colaborando activamente na manutenção da atenção do leitor.
Carla Maia de Almeida prepara a tradução portuguesa desta obra notável, que deverá chegar aos nossos escaparates ainda antes do final do ano, sob a chancela da Livros Horizontes.
Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)
Carla Maia de Almeida prepara a tradução portuguesa desta obra notável, que deverá chegar aos nossos escaparates ainda antes do final do ano, sob a chancela da Livros Horizontes.
Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)
N. B.: Falou-se, já, de Emily Gravett AQUI
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