domingo, 31 de outubro de 2010

A bruxa arreganhadentes, de Tina Meroro e Maurizio A. C. Quarello (ilust.)

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Finalmente editado em língua portuguesa, com magníficas ilustrações de Maurizio A. C. Quarello que sublinham de forma quase expressionista o ambiente de medo e de terror em que a narrativa se desenrola, A bruxa arreganhadentes consiste na recriação de um conto tradicional cujo objectivo era exactamente a promoção do medo, na procura da sua libertação através da catarse. O álbum da OQO insere-se, por isso, num universo ao qual a literatura para a infância contemporânea não tem dado especial atenção, mas que é revelador das origens tradicionais do género e da ligação ao maravilhoso, associadas ao gosto intemporal pelo horror. O leitor é chamado a identificar-se com as crianças protagonistas e a associar-se a elas na luta desigual contra a figura terrífica da bruxa, evocando os confrontos que fazem parte do património literário oral e tradicional.

Ana Margarida Ramos (in Casa da Leitura)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

16º Encontros Luso-Galaico-Franceses do Livro Infantil e Juvenil

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A 16.ª edição dos Encontros Luso-Galaico-Franceses do Livro Infantil e Juvenil, celebrados anualmente na Biblioteca Municipal Almeida Garrett do Porto, terá lugar nos próximos dias 12 e 13 de Novembro, sob a temática
"Para maiores de 12: Tendências da Literatura Juvenil"
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PROGRAMA




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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Crítica, Teoria e Literatura Infantil, de Peter Hunt

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A situação da crítica literária especializada nos livros para criança é o tema do livro Crítica, teoria e literatura infantil (Cosac Naify, 2010)
do professor e investigador da Universidade de Cardiff, Peter Hunt –, apresentado, ontem, num seminário no Rio de Janeiro.

«O professor emérito Peter Hunt é um dos principais críticos de literatura infantil e juvenil da contemporaneidade. Crítica, teoria e literatura infantil foi especialmente revisado pelo autor tendo em vista o público brasileiro e ainda traz um prefácio exclusivo. Hunt discute a situação da crítica literária especializada nos livros para criança, definindo os campos de atuação da “crítica”, da “literatura” e do conceito de “criança”. Aborda os preconceitos que existem dentro das universidades com relação à literatura infantil, que dificultam o desenvolvimento da crítica especializada dentro das instituições. Relativiza se é necessário a criação de um vocabulário específico para este tipo de crítica ou se pode valer-se da já construída para os romances e contos ditos “para adultos”. Define, ainda, termos-chave desta literatura, como livro-ilustrado e livro-imagem. Em doze capítulos e um apêndice, Hunt colhe exemplos práticos da literatura universal e a edição traz imagens internas das obras que enriquecem a leitura e compreensão. Uma obra fundamental para professores e estudantes.»
(por Cosac Naify)


Peter Hunt é um dos críticos mais importantes do panorama literário para a infância, tendo alcançado um reconhecimento internacional, nomeadamente pela atribuição de prémios tais como o International Brothers Grimm Award (Japão) e o Distingued Scholarship Award (Estados Unidos). É autor de várias obras de referência como
An Introduction to Children’s Literature (1994), Children’s Literature: an Illustrated History
(1995), Understanding Children’s Litterature (1999), bem como editor de diversos números da Children’s Litterature: a Blackwell Guide. Crítica, teoria e literatura infantil é o primeiro livro do investigador traduzido para português e publicado no Brasil.


Leia uma entrevista realizada ao investigador britânico AQUI

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A propósito do Animalário Universal do Prof. Revillod...

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Uma exposição com ilustrações
originais do livro

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Uma formação com o ilustrador Javier Sáez Castán




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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Acção de Formação "Encontro com as Palavras"

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No âmbito da Carteira de Itinerâncias da DGLB, irá realizar-se no próximo dia 6 de Novembro, na Biblioteca Municipal de Ílhavo, a Acção de Formação “Encontro com as Palavras”, por Jacinta Maciel, dirigida a mediadores de leitura.

Nela serão fornecidas ferramentas para possibilitar o encontro do texto com os jovens e criar, através do jogo, uma verdadeira atracção pelas palavras das histórias. Através do processo criativo, ajudar-se-ão os jovens a soltar inibições, barreiras e a desenvolver a sua criatividade.

As inscrições poderão ser feitas, enviando os dados pessoais (nome, e-mail e profissão), através do e-mail biblioteca_municipal@cm-ilhavo.pt ou no Balcão da Recepção da BMI.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia Mundial da Alimentação

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Celebre o Dia Mundial da Alimentação com um clássico da literatura para os mais novos:



Possivelmente a obra mais conhecida e mais divulgada do criador Éric Carle, A lagartinha muito comilona, cuja primeira edição data já de 1969, é finalmente editada em Portugal pela mão da Kalandraka. Este álbum, cuja concepção revela um particular cuidado na articulação das componentes verbal e icónica, acompanha o processo de crescimento e de transformação do ovo em borboleta, de forma muito acessível e particularmente poética. Perante o olhar do pequeno leitor, desenrola-se, gradualmente e com expressividade (pelo recurso à variação cromática, ao recorte e ao próprio formato da edição), todo o processo de crescimento e de transformação da espécie em causa que, sob a aparência de um jogo, se torna palpável e concreto. Jogando com o mistério e com a surpresa final, o autor consegue criar uma obra capaz de captar a atenção dos leitores com eficácia e sem perder de vista as dimensões pedagógica, estética e lúdica dos livros para crianças.



Ana Margarida Ramos (
in Casa da Leitura)



N.B.: Deste livro, já se tinha falado AQUI
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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

IV Conferência Internacional do PNL

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Subordinada ao tema "Ler no século XXI - Livros, Leituras e Tecnologias", a IV Conferência Internacional do Plano Nacional de Leitura terá lugar nos dias 15 e 16 de Outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

A entrada é livre e o programa pode ser consultado AQUI.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Sopa de contos" ou "Cozido tradicional"...


Ingredientes:

  • 1 lobo
  • 1 Capuchinho Vermelho
  • 1 caçador
  • 1 Branca de neve
  • 7 anões
  • 3 porquinhos
  • 7 cabritinhos


Modo de preparação:

Num grande caldeirão, leva-se o lobo ao lume. Quando começar a ferver, juntam-se os restantes ingredientes. Rega-se com imaginação e salpica-se com uma boa dose de humor e de nonsense. Deixa-se cozinhar até apurar bem. Depois de cozido, escorre-se e serve-se bem quente, polvilhado com suspense.

Deixam-se algumas sugestões de apresentação. Bom apetite e óptimas leituras!




Numa narrativa de estrutura acumulativa, Os Três Porquinhos, Pedro e o Capuchinho Vermelho, entre outras vítimas do tradicional vilão da literatura de potencial recepção infantil, procuram refúgio em casa do Senhor Coelho, depois de terem lido uma notícia terrífica: “O lobo voltou!” – saliente-se, a este propósito, o pormenor humorístico de cada personagem ler a notícia num jornal dirigido à sua espécie. Temendo a sua chegada, mas aproveitando a ocasião de se encontrarem todos reunidos para preparar um belo jantar, são surpreendidos pela chegada da personagem temida. Porque “a união faz a força”, a hora da vingança chega para estas personagens que, em tantos contos, o feroz predador aterrorizou (e algumas devorou…), e todas se juntam para lhe mostrar que já nada as faz temer. A componente pictórica, particularmente sugestiva, é merecedora de uma leitura atenta, pela pluralidade de significados que sugere. Os efeitos sonoros e rítmicos que caracterizam o discurso espelham a feição dinâmica do texto que, pela estrutura paralelística e repetitiva que o suporta, encoraja a sua recriação por parte da criança. Uma história angustiante mas carregada de humor, que surpreenderá e divertirá os seus leitores.




Num digestivo passeio pela floresta, um lobo muito convencido resolve perguntar a quem com ele se cruza o que pensam dele. É então que, seguindo uma estrutura acumulativa, surgem várias personagens dos contos tradicionais (um coelho, o Capuchinho Vermelho, o
s Três Porquinhos, e os Sete Anões – atente-se, aqui, na piscadela de olho ao leitor, pela estranheza da associação proposta) que, para se protegerem do irascível predador, o reconfortam e enaltecem a sua narcísica convicção, dizendo-lhe tudo aquilo que esperava ouvir: que é ele o mais forte! A reviravolta instaura-se e a sua vida vacila, precisamente quando, apesar da sua inferioridade, uma pequena criatura, “uma espécie de sapo”, ousa contestar a sua superioridade universal e declarar que a mais forte é a sua mãe! Num desfecho que acaba por inverter as expectativas do leitor – e apenas reconhecível na simbiose entre as duas narrativas, visual e textual –, este é um livro que abre o debate sobre as relações de poder entre os indivíduos. A componente verbal, caracterizada pela brevidade e coloquialidade do discurso, alia-se a um conjunto de imagens, inconfundíveis do panorama ilustrativo do duplo autor, pela sua pluralidade cromática e pela expressividade do traço que, para além de a complementarem, alargam o seu sentido, espelhando de forma clara as personagens e os cenários centrais, e facilitando, deste modo, o processo de identificação dos leitores.




Lucas, o lobo-protagonista desta história, vem subverter a figura associada ao tradicional vilão numa personagem agora afável e sentimental, que, para grande tristeza da sua família, resolve sair de casa e viver a sua vida. Antes de partir, o pai, resignado, entrega-lhe uma lista dos melhores sustentos, mas, infelizmente para o seu esfaimado ventre, o jovem lobo é demasiado sensível e deixa escapar a suculenta cabra e seus sete cabritinhos, o atraente capuchinho vermelho, ou os três anafados porquinhos. O humor é o principal motor da obra, que brinda a criança com um discurso verbalmente simples e directo e umas ilustrações muito coloridas, que não só recriam, com clareza e expressividade, as personagens e os momentos-chave da diegese, como acrescentam inúmeros pormenores indutores de uma pluralidade de níveis de leitura. Eis, pois, uma história divertida de um lobo atípico e anti-conformista a que se afeiçoará qualquer leitor.

Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)

domingo, 10 de outubro de 2010

Álbuns de lá...

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Ultrapassando as fronteiras do livro, este clássico do universo literário para a infância destaca-se pela originalidade e audácia, tanto ao nível do seu formato como da sua estrutura diegética. A mala de um simpático carteiro vai carregada de autênticas cartas endereçadas às mais variadas figuras dos contos tradicionais, que, numa versão modernizada, se relacionam e comunicam entre si, prolongando as suas histórias e excedendo as próprias potencialidades do conto. Do ponto de vista formal, a obra compõe-se de uma “página-envelope”, onde se encontra cada uma das referidas correspondências, e de outra página de texto que estabelece a ligação com a narrativa central. Convidando ao diálogo intertextual e metaficcional, este álbum combina, ainda, uma pluralidade de códigos linguísticos, jogando, por exemplo, com as funções do envelope, da carta manuscrita, do postal, de um ofício, ou até mesmo de um folheto publicitário, possibilitando leituras diferenciadas.



Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O hospital das letras, de José Jorge Letria

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Lançando mão de um conjunto de 24 composições poéticas, apoiadas
numa estrutura métrica irregular – aliás, emblemática da poesia contemporânea –, José Jorge Letria convida o público infantil a entrar n’ O hospital das letras: um hospital muito peculiar, onde são as letras do alfabeto as que ali procuram tratar as suas doenças. Desde o A que, por ter sofrido de asma na sua infância, e ter, hoje, a garganta fraca, qualquer angina o desatina, até ao Z que se sente incomodado com as manchas vermelhas que a zona lhe provocou na pele, este livro é uma autêntica viagem pelo corpo humano, em que, de forma lúdica e até nonsensical, se exploram fortes potencialidades da língua. A musicalidade das palavras e os jogos sonoros, sugeridos pela rima, aliam-se a recursos linguísticos estimulantes, como as assonâncias e aliterações constantes ou, ainda, a presença de palavras de difícil articulação, que vêm reforçar a dimensão lúdica e humorística da publicação, promovendo o riso na criança-leitora. O abecedário pictórico de Carla Nazareth, marcado pela sobriedade cromática, pelos jogos de tonalidades, de luzes e sombras, acrescentam pormenores às sugestões temáticas dos poemas que recriam. Trata-se, pois, de um excelente impulso para os primeiros passos no caminho da alfabetização infantil.


Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Curso de Livro Infantil, por Carla Maia de Almeida

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Pouco falta para o Curso de Livro Infantil que Carla Maia de Almeida irá orientar no próximo mês de Novembro, em Lisboa. O aliciante programa destina-se a estudantes de literatura, edição e educação, professores, educadores, bibliotecários e outros mediadores de leitura, e a todos os que, no fim de contas, se interessam pela literatura para crianças.


Programa e inscrição AQUI

Uma aula de tuba para o Dia Mundial da Música...

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Assinale o Dia Mundial da Música com A aula de Tuba, de T. C. Barlett e Monique Felix (Gatafunho, 2008).

Álbum narrativo ilustrado, esta edição destaca-se pelo facto de, à excepção do início e do final da narrativa, dispensar totalmente a linguagem verbal. Assim, construído preferencialmente a partir de imagens, o livro explora todas as sugestões de movimento, dinamismo e acção que decorrem de uma ilustração muito expressiva, capaz de sugerir emoções e estados de espírito e de desafiar as expectativas do leitor. Cruzando a realidade com a fantasia e o devaneio, a narrativa dá conta do potencial criativo e artístico do protagonista, bem como da incompreensão de que é alvo por parte dos adultos, desconhecedores do seu universo mental. Muito divertido, também em resultado da surpresa constante e dos imprevistos, o livro merece e exige leitura atenta, capaz de ler nas entrelinhas – ou nas entre-imagens – e aceder à mensagem profunda.

Ana Margarida Ramos (in Casa da Leitura)