Ultrapassando as fronteiras do livro, este clássico do universo literário para a infância destaca-se pela originalidade e audácia, tanto ao nível do seu formato como da sua estrutura diegética. A mala de um simpático carteiro vai carregada de autênticas cartas endereçadas às mais variadas figuras dos contos tradicionais, que, numa versão modernizada, se relacionam e comunicam entre si, prolongando as suas histórias e excedendo as próprias potencialidades do conto. Do ponto de vista formal, a obra compõe-se de uma “página-envelope”, onde se encontra cada uma das referidas correspondências, e de outra página de texto que estabelece a ligação com a narrativa central. Convidando ao diálogo intertextual e metaficcional, este álbum combina, ainda, uma pluralidade de códigos linguísticos, jogando, por exemplo, com as funções do envelope, da carta manuscrita, do postal, de um ofício, ou até mesmo de um folheto publicitário, possibilitando leituras diferenciadas.
Carina Rodrigues (in Casa da Leitura)
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