Com os progressos técnicos das artes gráficas, o álbum moderno surge nos alvores dos anos 60/70 do século XX, em alguns países de Europa – como foi o caso do Reino-Unido, da Alemanha ou ainda da França – e nos Estados-Unidos, com a afirmação de nomes que ainda hoje são referências e dos quais se destacam Maurice Sendak, Mercer Mayer ou Leo Lionni. Em Portugal, esta é uma área ainda muito pouco explorada e, por isso, o número dos seus autores não é muito significativo. Ainda assim, os primeiros álbuns do panorama editorial nacional surgem nos finais dos anos oitenta e no princípio da década de noventa, destacando-se, de entre os que se dedicaram exclusivamente à sua escrita, e outros que tomaram, já, o duplo papel de autores/ilustradores, a produção de figuras como Leonor Praça (anos 70), Maria Keil, Cristina Malaquias, Manuela Bacelar e, mais recentemente, Marta Torrão ou Alain Corbel.
A eclosão deste género tem levantado uma série de controvérsias e de hesitações relativamente à clarificação e fixação do conceito, mas sobretudo face à definição de critérios para a sua classificação, residindo a sua principal especificidade na relação intersemiótica estabelecida entre as duas componentes verbal e pictórica que o enformam e que, numa relação articulada e complementar, produzem, em conjunto, significação.
Preferencialmente destinado ao público mais novo – crianças entre os 2 e os 7/8 anos –, o álbum define-se pela capa dura, pelo seu formato de grandes dimensões ou diferentes, pelo seu papel de qualidade superior e de elevada gramagem, pelo reduzido número de páginas e pelo texto condensado (ou inexistente) com uma tipografia de tamanho superior e variável, pela abundância de ilustrações frequentemente impressas em policromia e, na maioria das vezes, de página inteira ou dupla página, e, ainda, pela qualidade e pelo cuidado com o design gráfico.
Na verdade, o que distingue o álbum de outros géneros literários está intimamente relacionado com o tratamento narrativo que induz. Enquanto, tradicionalmente, o texto e a ilustração se moviam em planos paralelos, sendo que respectivamente um contava a história e o outro a ilustrava, hoje assistimos a uma fusão dessas duas formas de linguagem, de tal forma que os dois elementos servem para construir a história e complementar, em conjunto, a informação veiculada.
Nestas publicações, as imagens ocupam quase a totalidade das páginas, de tal forma que entre elas se constrói uma relação de continuidade. À medida que foi conhecendo uma evolução, a ilustração foi aparecendo cada vez mais cuidada, destacando-se a importância de componentes ilustrativas e de índole paratextual como a capa e a contracapa, e do jogo estabelecido entre elas, da composição das páginas e da sua articulação, e da decoração das guardas dos livros; o recurso a diversas técnicas, desde o recorte, a colagem, o uso de materiais originais e diversificados, com recurso à textura e ao relevo, a pintura, ao uso da fotografia; a abundância da cor e o seu significado; e a variabilidade tipográfica, podendo o texto chegar a incorporar a componente plástica.
O álbum moderno revela-se, pois, um verdadeiro objecto artístico, cuidadosamente elaborado, que conjuga ilustração, texto, design e edição numa unidade estética e de sentido.
Carina Rodrigues
Pienso que los álbumes ilustrados son fundamentales para la educación estética y para la imaginación de los niños. Muy interesante artículos.
ResponderEliminarBesadetes
Agradeço a sua visita e alegro-me com os comentários que aqui tem deixado. Ainda que o blog se encontre numa fase inicial, espero que as informações disponibilizadas vos atraiam e vos sejam úteis.
ResponderEliminarUm abraço