quarta-feira, 23 de junho de 2010

Le secret, de Éric Battut

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Álbum minimalista, e de particular eficácia junto dos mais novos, Le Secret é protagonizado por um pequeno rato que encontra, um dia, uma maçã e resolve enterrá-la, fazendo dela o seu segredo. Numa estratégia de jogo cúmplice com o leitor – que percebe, diante dos seus olhos, o que acontece ao protagonista enquanto este se esforça, muito ingenuamente, em manter escondido o seu tesouro –, vários animais (um esquilo, um pássaro, um sapo, etc.) tentam questioná-lo, em vão, sobre o seu mistério, ao mesmo tempo que a natureza se encarrega de desvendá-lo, dando vida a um pequeno arbusto, que cresce, progressiva e negligentemente, nas costas do ratinho, e se transforma numa maravilhosa macieira carregada de «segredos» para todos. A estrutura repetitiva e paralelística que suporta a narrativa, bem como os efeitos sonoros e rítmicos que dela se desprendem, conferem dinamismo e ludicidade ao texto simples e breve, e encorajam a sua recriação por parte da criança. Do ponto vista visual/plástico, o álbum não é menos parcimonioso, compondo-se de ilustrações extremamente acessíveis e claras, especialmente centradas em personagens figuradas num espaço reduzido da página nobre do livro, facilitando, deste modo, a orientação/concentração do olhar leitor. A própria mancha gráfica releva de um cuidado particular, sobretudo ao nível do lettering, que vai variando de forma e de cor a cada sequência da narrativa.

Carina Rodrigues (in Casa da leitura)

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